quarta-feira, 11 de junho de 2008


Flores do Asfalto
Zeca Baleiro

Os sinos dobram,

dobro a esquina adiante

O céu me espia

mais azul que antes

Os mortos andam

como eu nas avenidas

O sangue escorre

da mesma ferida


Ergo as mãos pro alto,

nos meus dedos os anéis

Flores crescem no asfalto,

debaixo dos meus pés


Tudo silencia,

ouço só meu coração

A rua acaba e meus sonhos vão

Piso na poça, uma moça estende a mão

Meus olhos brilham,

vejo o céu no chão


Ergo as mãos pro alto,

nos meus dedos os anéis

Flores crescem no asfalto,

debaixo dos meus pés


Deixo o dia para trás

Sono e sonho a noite me traz

Deixo o dia para trás

E a dor

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